segunda-feira, 12 de setembro de 2011

LIVRO NEGRO




Pede-se aos residentes, um pouco de privacidade. E que não passem a vida a entrar no meu quarto e a mexer nas minhas coisas. Os auto-conhecidos não são necessariamente porreiros.



















































Este livro já acabou no momento em que começou.



Oh homem porque resistes? A sombra é uma morte lenta. Surreal é o teu rosto no espelho. A luz é uma sombra da vida. E tu resistes a mim que te olho no espelho. As serpentes enrolam-se no teu cabelo espelhado. Os meus olhos são pretos cor de lama. O pássaro inventa-se a si mesmo. Eu construiu-me por fora, à tua imagem por fora. Existe solidão, no rosto da morte. Existem cânticos de alegria, no rosto da solidão. Amor é raiva e seiva queimada a Júpiter. Saturno é a luz do meu olho. A luz é uma sombra da morte. IXA IXA. Sorriso oblíquo das minhas serpentes. Serpentes. Tu sabes o que é uma serpente? É uma fuga de ouro, é uma fuga triste de ouro. Um fio de aranha que já acabou. Luzente forma irradiada da fuga a rastilho. A explosão são as mil vozes do ego em fumo.

Chamem um padre porque eu estou a morrer, e eu quero escuta-lo e rir no final da minha vida, o vinho, esse já não me faz nada, e o ilusionista não tem talento, nem o bobo, ou o anão, o homem lagarto é o pior deles todos. Tragam-me o padre. Quero olhar o rosto do padre e quero rir de novo.


FIM

Como é que se começa um fim?
Um fim começa pelo fim.
O que é a serpente?
A serpente é o riso histérico dos loucos.
O uivo dos lobos.
Figura triste da memória.
Quem sabe o que é um louco,
Todos sabem chama-lo de louco,
Mas quem sabe o que ele é?
Para o que sorri?
Quem é que sorri?
O louco ou a loucura?
O cubo negro, o cubo solto.
Ó irmão porque pim pim o cubo negro irmão, irmão porque fugiste do cubo negro solto do vulto doente da razão fermente? O cubo negro arde. Quem vem ai? É o lobo mau, é o IAO, o sangue ardente da vitória, navegador do Cabo Bojador. Do Cabo-da-Boa-Esperança. Afinco amado por fim queimado nas estrelas da solidão, nas trevas da solidão. É uma prisão de cobre. Quem vem lá? É o papão. É a televisão. É o pavão. É o cão. Ão Ão. É só um cão.

UIAH AH

HF

Isto está a deitar tinta branca.
Esbranquiçada.
É o sangue do negrume.
É o sémen dos macacos
E as palavras dos papagaios,
O riso de mimos,
A fagulha da matança,
São os sapos da vingança.
Cain disse:
Este livro há de acabar
contigo.
Este é o fim
E o principio.
O corvo sorri,
E o Joker fica sério. O Joker fica muito sério. O Joker ri-se de ti, tu és e sempre foste um predador.
Cain aprisionado na Lua, para sempre a desejar a carne (bem assada). Phalucifer ri-se de ti. Phalucifer achou piada. E a chama arde mais alta, e os anjos mortos voltaram a rir-se como hienas esfomeadas. Na verdade, não há alegria no seu riso. Como hienas. Cuspo luas internas para o lago da solidão. O espelho arde verde, verde das folhas, verde de percepção, e verde das traças loucas, que comem a roupa dos homens vestidos. Como hienas, a menos que se dispam no riso. E é por isso que elas riem. Riem como cinzas e como o fogo que já não arde, e por isso são precisas para assar o lombo de Pan.
Este é o braço de Abhorrent.
O braço que dita a Vontade e a Lei.
A Lei é…
A Lei é…
É…
A Lei. A Lei.
O Rei
O Rei é porque rima com Lei.
Phalucifer é um gajo simples, de gostos simples, ele gostou de falar contigo. Achou-te piada. Agora vai, cagar sapos para a sanita, comer trapos e escuta a sanita a sanita a cantar. Escuta a voz dos cagalhões, prova-os. Phalucifer é um sapo, bate palmas e tudo. Olha como ele salta.
Olha como ele salta.
O teu orgulho
Olha como ele salta.
Salta, e as pedrinhas formam um pentagrama de ossos e sementes. Um pentagrama de escravatura. Um pentagrama de mulheres sábias, mulheres da vida, mulheres nuas. Gruas. Revistas da Playboy folheadas por suínos que fumam charutos e se masturbam. São os suínos da vida, Phalucifer acha piada. És um tipo engraçado. Um acólito da morte. Um alcoólico anónimo. Ou um simples desviante. E isso é engraçado. Sim, prestidigitador com fotos no hi5 e poemas de ir ao cu. Quem não acharia piada? És uma cona de trapos e o mundo um lugar cheio de riso, riso dos fracos, e o tempo passa alegremente. Não é isto uma graça?
Por isso, ou talvez porque estou farto, ou talvez porque eu próprio sou um fraco, está na hora de chegar ao fim.
O mosquito e o mocho acercam-se de vocês sem que se apercebam, eles detestam-vos mas hoje eles abrem uma excepção.
Adeus, foi um prazer.
O que é que Pan tem para vos dizer?
“A fogueira morre e o tempo corre.
Desfruta, é tudo.”








Phalucifer.

Estou a ver uma escada vermelha. Ela é a ligação entre dois mundos, nada parece o que é…
Quando a linha que separa os mundos se desvanece e só eu fico, não reconheço padrão ou medida, espalho-me, torno-me nas coisas e as coisas tornam-se em mim. Nada parece existir e tudo se parece manifestar.
O mistério entre tudo faz a criação de um novo ser, esse ser é o meu novo eu, o meu novo mundo é um universo que se auto-cria e auto-sustenta, fazendo com que todo o tempo pare e se renove numa nova era. Uma era de surrealismo sobrenatural mágico.
Estou a ver uma escada negra, a linha que separa os mundos, tudo parece o que é, e nestes túmulos da realidade eu me recrio.
Caio com ela na névoa da escuridão, num abismo desolador em que a mais negra das situações é bela, mas desesperante, onde a queda da beleza se torna fúnebre e se eleva em cinzas ao submundo.
Então ganham as sombras vida muito sua e começa a anarquia politeísta no reino do homem interno. Alucinado sento-me na minha poltrona, os súbditos abordam-me, e em fúria, riposto “Olha bem para mim, mais perto, que soberba é esta de se dirigirem a mim? Porque é visto que eu não existo”
Confusos, rodam à minha volta, à volta da minha poltrona, tentando-me tocar, mas a cada vez que as suas sombrias e negras mãos alcançavam o meu corpo na tentativa de me sentir uma sensação gélida me atravessava, tornando-se ligeiramente mais negra a cada instante, misturando-se com o negrume da paisagem sombria.
Eis que agora, já sem substância visível, se retira o meu olho direito para o interior do cérebro e o olho esquerdo se inclina, na minha carne de fogo e sombra, para o centro da testa. Tento gritar mas só serpentes verde-florescentes escapam da minha boca oval, cobrem os súbditos e distribuem a minha individualidade.
No meu cérebro o meu olho cria uma consciência superior a mim própria, sai-me num movimento só pelo meu crânio e uma esfera de luz azul ascende ao mais alto ponto do mundo, sendo ela aquilo que tudo controla e tudo vê, atingindo um raio de milhares de quilómetros. Todas as serpentes se enroscam em volta dela formando um elo de submissão e répteis vindos das profundezas criam uma esfera vermelha em direcção ao infinito negro. Notam-se suavemente a surgir luzes roxas….

…A minha luz é a tua
Sombra…
A tua sombra é a minha…
…luz
…Ergue-te… Seduz…
Saio… Desmaio
E tudo é isto.

Cai na penumbra
E junta-te a mim
Juntos somos luz,
Somos vida,
Somos névoa
Somos penumbra
Torna-te comigo
No sopro da escuridão…

Uma montanha
Coroada de caveiras
Uma fada das aranhas.

Phalucifer olhou-se satisfeito,
Num sonho de noite feito,
Sangue nocturno das esferas.

Phalucifer, rei eleito do deserto,
Quantas noites passaram sobre caveiras?
Quantos cigarros se fumaram, passageiros?

Os gatos estão deitados sob o prédio do tédio,
Todos os acorrentados do desleixo e da preguiça humana.

O assédio da cantina fúnebre da tv,
Assassinando a cada olhar o vigor da juventude,
O enfado de estar vivo, o fado e o alaúde.

A fanfarra – festejo lúgubre, o latido os cães,
Nem noite, nem dia e o silêncio afunda-se
No vale.

Deixas-te ir.
Permites-te cair, e o solo reage erguendo-te.
A tua mãe, que te ama e te amou.

O gato morcego que escapou ao sossego do conforto de Prometeus lançou-se sem o fogo na noite do desassossego, o lar dos deuses, ele conheceu o exterior. E o interior…

O interior era falso.

O interior era vazio

O interior era ar

O interior era todo o caos.
O interior era a obsessão de proteger a vida.
            Como se a fosses perder.
O interior era a obsessão de proteger a vida,
            Como se a verdade ta fosse roubar.
O interior era a obsessão de proteger a vida,
            Como se a liberdade te fosse massacrar.
O interior era a escravidão, do conforto
            Do ego, da decadência dos sentidos
            Da putrefacção da percepção
            Do engano virulento da consciência
            Da ciência satânica da
            Universidade católica,
            Do bem, roupa
            Falsidade.

            Dói-me o coração de cuspir
            A verdade nestas letras
            Tentando despir-me e a
            Ti da ignorância do adormecimento das massas
            No interior dos muros.



Neste último livro despi-me de conceitos.
Fodi-me.
Fodi-me. Fodi-me. Fodi-me. Fodi-me.
Fodi-me.
Fodi-me. Fodi-me. Fodi-te.
Ponto.
Ponto. Suspiro…
Neste livro Phalucifer dis… despiu-se dos conceitos.
Eu sou um rei vampiro que vos sonhou a todos, eu, eu alimento-me da vossa podridão, para aliviar o meu tédio, o tédio da minha solidão. E embora eu seja um Rei, no limite último da criação e vós miseráveis átomos do meu ser, partilhamos a essência deste estado e só o podemos transcender juntos. Por isso eu entrego ao meu candidato o poder de me transferir em sussurros para dentro das semi-realidades que vocês são. Portanto      leiam com atenção o meu comunicado.

1 – Acabou-se.
2 – Começou.
3 – Terminou.
4 – Quando eu disser que o que era o sapo do monte negro a lua horrível mergulhou dançando no poço espiral infinito e transbordou o silêncio enorme maior que a esfera do teu pensamento tu converteste-te para apanhar o sorriso satânico de deus e foste capturado pelo sigilo secreto de deus. Iphon.

Descido das águias/águas dos céus ferventes virá um santo dentro de uma cebola. De Feras/Estrelas/Conas e trocará tudo por um sonho.

Ao ver isto todos pensaram que enlouquecera.
Mas ele não. Ele foi o que foi, ele é o que é, ele. Não. É. Mais. Frag. Mentado. Como tu e como eu, ele é do outro lado – ele é o raio de luz que desceu dos céus e a sua morte enraivecerá o teu raio dentro do casulo de cebolas de merda, Qliphots que te cercam criança do infinito.         Eu quero escrever mais rápido que o tempo, mas o silêncio curto nas mãos do meu escriba não me permitem. Raios.

Assim que tudo foi dito e proferido o homem sapo sabia que nunca poderia ser como o raio, e o. Acabou, terminou, etc. e tal. Phalucifer é um anjo e ponto final, não há mais nada a acontecer. Os caminhos infinitos do deserto da mente são caos, o o caus é o deserto da mente. O caus são os desertos. O cao/us é o       O O O O O O O O

As borboletas fugiram do som turvo da caneta a girar.  e elas te cerammmmmmmmmmtudo o que o teu ego falhou em imaginar.

Não tenhas pressa. Chorou o demónio do sonho.
A vida são só dois dias.
A vida são só O.
O que tu não entendes Zé, o
Que tu não entendes é que
O que há a entregar não são
Mais que os O’s.
Tu não tens nada, logo não
Há nada a entregar.
A tua infelicidade é
Não perceberes isso.
Tu não existes.
E amei-te.
Quero montar uma rádio
Para vos dizer isto sem ter
Que vos ver nem conhecer,
É isso que quero.

Olhar para uma paisagem
E lembrar-me de um quadro,
Olhar para uma mulher para
Me recordar de um romance.
Queimar quadros e romances
E dançar na floresta para depois a
Queimar em dinheiro, é uma doença
De se querer
Acabar.
   

Bombas nas bonecas de porcelana. Praias para onde os poetas se dirigem e rezam obras de arte ao Sol com medo de arderem.

!HAAAH!

Se há um motivo para me pedires para fazermos amor, não devíamos. Se não há, não vejo porque não!

!HAAAH!

Se telefonaste para falarmos tudo bem, se foi só para nos ouvirmos desliga!

!HAAAH!
Falhámos em tudo, no amor, na comunicação, no trabalho, no amor, em casa, na família, na economia, só nos restam os jogos, as putas e as doenças.

!!!PUTA!!!

Estética poética sem conteúdo, nada, é merda! Somos os revolucionários, soldados da desistência, embriagados com a estranheza e a vontade de nos perdermos e nos prendermos como quem corre à visão de campo aberto.
!HAHAHA!
Revivemos os traumas e não necessitamos de mais nada, até nas novas coisas da vida, até nessas. Escutamos as músicas, dirigimo-nos às bibliotecas e tudo para fugirmos à solidão que somos. Já te perguntas-te porque é a psicologia a ciência nova? O interior! Algum psicólogo libertará alguém?  
A mente é o rato que roda na roda cega
Da gaiola. E o nome mágico da gaiola é
Phalucifer, o Rei do Deserto.
!!!ABANDONO O LEITO CONJUGAL!!!
!!SE CHEGOU A ISTO!!

Já não saiu sem ser para partir as coisas, digo “tudo o que não está partido é uma prisão” e as pessoas seguem-me e eu fujo e um animal solta-se de mim para me despedaçar! Canto hinos à pátria e ao liberalismo! E depois grito e choro desesperado. Ponto paragrafo final, ponto com toda a força na minha mão esquelética que grita fogo como dinamite e esmaga a folha com um embate explosivo de fúria na face impávida da ignorância eu carrego nos meus pontos com a força com que parto vidros com socos ausentes totalmente do medo da dor, mais, com sede dela, com sofreguidão dela, com desejo inadmissível insaciável do sangue, do frio, do estilhaçar, do quebrar eu escrevo e termino com o violento embate.

!!!RETOMEMOS A VIDA!!!
E bato nas crianças e afogo as mulheres e escravizo os guerreiros! Suas bestas! Portugal é o país mais livre do mundo!!! Mas podíamos foder mais em cima de pianos, e tocar mais as raparigas com a mesma paixão com que se toca os violinos.
Portugal, leio-te um comunicado:

!NÃO IMPORTA!
Vão se embora portuguesinhos para as vossas inglaterras, alemanhas, espanhas, que vos dão de comer, vão e não voltem, nunca voltem! Quero poder fazer as coisas sem a gente que se infiltra pelas coisas e depois, depois quero poder partir e acabar comigo para haver vida de novo nestas cidades.

                       
Sentei-me frente à paragem e um Rei Mago, Africano, posicionou-se próximo de mim, a cantar. Disse que tinha vindo de bicicleta, e contínuo: “O problema de Portugal é que os climas são sempre extremos e desassossegados. A humidade é sempre cortante e o calor queima em todas as ocasiões. Os portugueses sentem-se sempre oprimidos e isso faz deles um povo frustrado. Gostavam de não precisar de trabalhar, porque quando está frio põem-se sossegados no sofá e quando está calor repousam na sombra e banham-se nas águas. Mas não é possível relaxarem. Então a própria vida interna pára e só eles fingem continuar, com o queixume como compasso. Eu canto e ninguém se manifesta, ninguém se junta a mim, e ninguém me olha sem ser com desconfiança, como se ao cantar alegremente os agredisse. Olha os africanos, chegam aqui e os jovens cobrem-se de ritmo, o ritmo da criminalidade, porque aqui tudo secou e eles revoltam-se contra a paralisia e criam o inferno porque esta terra é o inferno, é o fim da terra. Escrevem nas paredes a bruteza da mudez quando antes realizavam a dança da natureza. Os chineses estão calmos aqui, porque aprenderam a manter-se frescos no calor e quentes no frio. Eu cá, fico o tempo que quiser, desde que não me deixe ficar.”

Mas agora ele tinha uma bengala e abas de chapéu e dizia outras coisas, como:
“Deixa-me falar-te de Deus e do seu filho: Deus morreu no sofá a ver TV, frente à TV não conseguiu levantar-se nem para comer nem para beber e tornou-se num esqueleto. Agora, Deus está na TV, e dizem que as câmaras lhe roubaram a alma.”

“Já o seu filho morreu por nós, um romano espetou a sua lança no ventre do Cristo e das suas entranhas choveram mil moedas sobre os homens, que as apanhavam em furor.”

Então ele apareceu como um velho de barbas brancas e vestes negras e vermelhas, frente a um espelho de época vitoriana, juntava as mãos enrugadas sobre as pernas, e não dizia nada.

Eu abri muito a boca e depois, já no autocarro, dizia a seguir ao meu silêncio:

Esta nova percepção guia a minha radiação, e os lugares para onde se dirigem os autocarros são estabelecidos pelas perguntas que pomos ao Universo. Todas as questões são um estágio do Universo e a concepção do infinito é não se ver para lá das mesmas. A natureza individual não é sujeita a descrições universais, e por isso, embora os lugares sejam inúmeros, só existe uma pessoa em cada um deles.

Ele formou-se como a Grande Besta que sustenta e destrói a Terra, Behemoth, e comeu com as suas presas as estradas. E os seus olhos abriram a boca e falaram: “Conta-me uma estoria, porque me alimento de estorias, e se me agradar, deixo-te passagem” e contei-lhe a historia dos assaltantes de bancos que lutaram contra a lei para perder, escreveram manifestos a dizer que eram mais livres, mesmo que prisioneiros, do que aqueles que serviam a Grande Máquina durante a vida inteira. Fez-se depois uma profecia de que um dia os prisioneiros escapariam e libertariam a humanidade esvaziando todos os bancos e suprimindo a lei e instalando a Visão e a Responsabilidade.

Behemoth espalhou-se em moedas pela rua e eu passei no autocarro, mas o céu avermelhava e escutei o horizonte cantar com a voz de Babalith “Vais direito ao inferno rapazola”, a mãe disse “leva-me a casa e eu levo-te ao Inferno”. Este é o teu paraíso, aqui não há necessidade de ti.






Decidi salvar isto do esquecimento:

Não há necessidade.

No deserto espera, a sombra da morte
a sede salgada do corpo e da alma
condensada num vulto de sangue
que escorre pelas rochas de um forte
espírito, que se arrasta sozinho na palma
da mão do Diabo.

O sangue ferve como um inferno invisível
por baixo da carne pálida, mórbida, fria.

O sangue infecta como um veneno
a alma cansada da longa viagem
em círculos, no deserto da morte
a lucidez é a causa da má sorte
a lucidez transforma o ferro em ferrugem
infecta a alma como um veneno.

Os prazeres da vida aborrecem-me
As misérias do mundo não me mexem
convalescente adoeço, já sem esperança
nas palavras dos vivos
que falam da morte.

Aprende a largar.













Escuta, a maçã à beira-lua é uma porta, por ela se saiu e por ela se entrará.

Lúcifer é uma flor
Com oito raios de Amor
e uma maçã de puro ardor.
São oito prisões onde o discernimento e o cálculo matemático das eras,
foram cuspidos nos raios da dor, borboletas de fogo e feras.
Nas profundezas do amor, Amon,
Começou um ciclo de quarenta e oito círculos concêntricos de esferas de um azul encantador.
Tecendo o mundo,
ele criou quatro esferas dos raios cinzentos.
Saindo dos círculos, trovões trincaram a Vénus verde da maçã.
O suspiro e o rumor das ondas caídas foram ouvidas longe na praia do horizonte.
A aspiração começou o encanto favorito do predador,
Ele derreteu a mente dos homens no estupor diabólico do triturador.
Na chama violeta de Saturno onde Ícaro foi sacrificado,
E tu e eu amamo-nos fervorosamente, criando da nossa união o povo humano chamado gado.
O coração das estrelas sossegou e pacificou os filhos das penas.
Deles enamoraram-se a tristeza e o condor,
Reconciliaram-se a sabedoria e os monstros da dor.
Palavras de cetim com que os homens foram encarcerados,
Caminhos por onde o pai doente foi chamado Joker, incinerados!
Amaldiçoados nos seus nomes, adagas de Plutão, anos gastos sem perdão,
Destruição dos mundos, geração de infernos.
O filho do homem morreu no coração de ferro de Ícaro.
Furtivo e nocturno, ele engoliu-nos e morreu
Afogado no veneno de Lilith, suco vaginal do seu orgulho elevado, nós.
E entregues a ele sofremos na boca carnívora
Dos muros, onde os grunhidos e as devorações encontraram os seus pares.
Elaboram-se das nossas entranhas os limites da criação através dos sonhos da prisão,
Raios de Adão, da palavra e do acaso, e o fogo estava completo: os jogos da tentação.

As mulheres masturbam os leões com os pés e com as mãos ordenham o suco das uvas de Baco, à beira-lua banhadas, e os leões choram sopranos nos clarões orgasmicos, e Pã toca não numa flauta mas numa harpa. As mulheres espreguiçam-se contra o pelo dos leões, por causa do sono, e os leões adormecem sobre elas como pedras tumulares.

No meu braço, o braço que escreve, cinco caveiras de prata com sete anéis negros que as unem.

Ícaro depositou o seu fígado no altar para os leões comerem e tudo se entregou à ilusão chamada Maia.

As mulheres riem-se à beira-lua, onde os leões choram e os corações voam para o abismo sem asas. As mulheres masturbam os leões com os pés e os leões emagrecem, elas preenchem a taça e oferecem-na à estrela-morta, para acordar a serpente que ali dorme.
Os leões comem as mulheres para se reconstituírem, e vomitam homens nus e assustados:
Esta nossa raça cinzenta, que tem por pátria o caos.

Iol, o olho negro.
Iol, o olho cinzento.

Os homens constroem espadas, perfuram com elas a terra, e fazem crescer, dos golpes, as arvores. Uma árvore é uma mulher transmutada pela Grande Obra, e a sua pele tem de ser cuidada com sangue de bebé azul.
A ejaculação de bebés azuis, vertida pelo sacrifício da sua subsistência material, é o sangue que nos corre nas veias, e o sangue é o cântico que venceu o silêncio e instalou o Império da Vontade.

Eu cobri o mundo com as escamas do dragão.
O pavão subiu ao céu e abriu o leque do olhar múltiplo do gato.
O falcão destruiu a coluna do candidato com um golpe certeiro,
E o seu corpo escorreu um sangue negro, chamado ilusão.
E o sangue negro molhou a terra, e dela cresceram ventos
Tristes, e o sopro seco que se ouve numa tarde de verão,
É a voz da desilusão, ela ouvir-se-á para sempre através da noite,
Como um tiro na solidão.

As mulheres são ainda sobrenaturais, os homens são o fim dos templos e o fogo posto. As mulheres acariciam os seios e vertem leite branco e azul espesso, para que os homens bebam e se aquietem, para plantar sementes de bebés azuis que ao chorar preenchem as câmaras de silêncio.

Tudo fica em silêncio, tudo mergulha no silêncio, tudo se petrificou no silêncio.

Tudo menos a razão.
A razão começou a perder-se do coração
Esticou em elástico, uma linha curva
E quebrou-o.

Sem se aperceber o fluido negro que a continha obteve uma certa consistência e formou vidros do chão, e as criaturas que viviam nas ervas e que se alimentavam de sombras, insectos e da medula dos ossos, comeram os vidros, e elas morreram, e toda a pedra do mundo se sepultou na desolação anunciada.

…Sono…
Sono dentro do
…sonho…

Foi só então que eles, os servos do pentagrama desceram sobre a terra, e abriram um portão numa grande cratera. E as multidões dos que ainda viviam, viram os meus olhos através da flama e seguiram destemidos até ao hexágono coração do septagrama que oculta a pedra filosofal. E os sábios retornaram num mundo livre de ilusão e produziam um sonho que era contínuo, fluido, sem interrupção do êxtase e do deleite da aventura da vida e da contemplação, e a noite antiga cantou numa canção:

Que os caracóis se lembrem desta canção,
Quando as folhas secarem no verão,
Que eles se sintam tristes
E se lamentem junto aos rios.
Que o ganso dourado os coma então.

Um muro quebrado.
Seis pedras ao lado,
Um lago sem fim.

Lavo o mundo
E visto-o de cetim
Mágico.

O nada existe e
Tudo é nada. Nada, nada, nada. Porquê.

Porque é que tudo tem mais o que nada tem e porque me o que é que tentas desfazer e o que nada tem o que valha à porta do sentir ente o que não faz sentido sem o que te faz o ooooooooo oo que é que tens para me dizer?

O que eu tenho para dizer é simples meu filho.
Faz, isso é suficiente.
Ama, ama, ama, o que é amar?
Já pensaste bem nisso? Não deixes para trás o que é que é amar?
O que é o amor?
Porque te destrói?

O que é o que te faz amar?

Amar meu filho é dor.

O amor é dor, o amor é dor, o amor é mais que dor,
Dor é amor o amor é só dor o amor é apenas dor e a dor
É só amor, amor, amor, margaridas cor-de-rosa, cheias de insectos e bocas escuras de incestos. Ramos e galhos chovem espinhos e constroem ninhos para as aves da dor. A dor. A dor. O que é a dor?

E as candeias cantaram, a dor, meu filho, a dor é a criação. A mãe quando cria sofre, o artista quando cria sofre, o mundo quando cria sofre, dói, aiiiiiii, dor, dor, dor, a dor não deve ser ignorada nem menosprezada, ela é o teu limite, meu menino.

Quem suporta a dor ensina, pois torna-se mestre. Quem a usa inteligentemente aprende, pois torna-se discípulo amado da nossa senhora, a natureza e aprenderá a fazer um corcel de amor de todas as pernas e de todas as avenidas do seu coração.

O que é amar? Menino? O que é amar sem dor?
 
Nada, respondi.

Ah, eu respondi, e eu entendi.




















Instruções para o editor:

Este livro é para ser lido em voz alta, por um vagabundo à saída do metro. Que ele tenha penas na cabeça e faça uma fogueira com dinheiro.

Este livro é para ser cantado por homens a uma sereia. Que ela receba deles jóias e desapareça nas ondas.

Este livro é para ser recitado baixinho num templo de Cristo por um sacerdote do fogo negro. Que ele ore aos mortos pela sua dissolução.

Este livro é para ser vendido a crianças indefesas, por um estranho engravatado, que as olhe com inveja.

Sim, este livro é para ser roubado, e que o ladrão se deixe apanhar.

Este livro é para ser rasgado com ódio de uma janela, num dia de festejo de vitória no futebol, por um louco embriagado. Que ele grite com fome: Anarquia!

Este livro é para ser amado pelo Joker, que ele o ame excessivamente às portas do cinema, e que arranque as folhas com angústia de êxtase, e as distribua a quem entra, incitando à loucura.

E só então deverá ser este livro publicado.

Por um monge luciferino, consagrado pelo coração de leão e pela mãe escorpião.

E deste monge nada será dito, senão que morreu.

E deixou as cinzas sobre os livros.

E este livro deve ser publicado, como literatura negra,

 Vendido sob todas as formas comerciais.

E a sua letra deve tornar-se febril se possível,

E delicada como uma Britney Spears de papel.

E os seus arautos devem ser vagos e superficiais,

Como se pretendessesm os objectos de cobiça

Dos humanos.

E a iniciação será trazida aos meus servos pela decepção.

Este livro recorrerá de grandes meios.

Ele foi escrito para grandes feitos.
















Á beira-lua tropeçamos e as coisas que começam acabam com a mesma rapidez com que as coisas que acabam começam.


O que é que foi dito?
Luz.
Perguntaste-me o que faz o vinho na minha mesa, e eu respondi-te: morte.
Como?
Sacrifício.
O vinho é o altar do sacrifício, burro.
E as uvas no interior do cálice?
Elas são a dissolução.
Cada uva é um de ti.
E o dinheiro?
O dinheiro é a raiva necessária, despojos.
O pus da criação.
E que ervas são essas?
Morango e groselha em infusão.
Nelas mora a doçura que todos adoram,
Nelas mora a voz da destruição.
Porque só falas em coisas negras.
Porque a capa do meu livro é preta.
…e o bastão?
O senhor da ilusão.
A espada?
Rasga as entranhas da terra,
E o Tarot?
O Tarot conhece-me melhor do que tu.
O ankh é a esperança.
O sangue da serpente velha,
O altar do sacrifício,
Pan, o universo,
E as conchas somos nós.
E os livros?
São invocações.
A quem?
Não sei. Não sabes, não!
Eu não sei o que invoco.
Eu invoco sem saber o que invoco!
Mas porque fazes isto tudo?
Obvio, para disfarçar o tédio?
Não, para edificar a continuidade da existência na minha consciência.
IHVH, não entendes?
I – Amor – fogo – explosão – ser – invenção.
H – Amor – dissolução – reflexão, anjos, asas, tudo isso…
V – destruição, tu, exactidão, prisões estáticas de putas matemáticas.
H – A tristeza deixada para trás na tua loucura.

És a minha desilusão.
És a minha desilusão
És a minha desilusão.
Tenho medo de ti.
Eu tenho fome, o medo, come.
Come come come come. Come. Come.
Os raios caiem, como se fossem pregos no meu caixão. Se fosses Deus, perdoarias………………..
. . . . . . . . . . . .é.
o .                    é.         .           ……….
O as . . . . ..  ……….. . . . .








Tudo se acautela, porque o lince caçou o lince, antes tudo era epopeia, hoje tudo é drama e desgraça. Não há nada que valha a pena ser escrito.
Um dia foste cercada pela indiferença. Os muros da descrença cresceram como demónios à volta do hospital onde aguardas pacientemente que te levem. Não há grande ajuda para transcenderes a enorme falta de significado de todas as tuas acções na face deste planeta tão belo, tão maltratado, tão mal amado. Conversas com um anjo que não te nega apoio, enquanto olhas o vazio alastrar no branco monótono do teto, e vais sussurrando aos enfermeiros que repetem “coma” como um mantra para te congelar no silêncio da não-voz. Toda a compaixão entre ti e os teus companheiros humanos seca lentamente, deixando-te só nas avenidas do pensamento. O teu espírito consome avidamente todas as memórias, procurando uma que te humedeça os lábios, faça falar o coração. Uma vez tudo te acendia o olhar. Agora nada quebra o gelo… que se passa… existe um espírito que te tenta conduzir através dos muros, mas tu resistes, continuas a perguntar, que se passa… não é bem uma pergunta, é apenas um desejo fútil de voltar a ser jovem, sofrer de entusiasmo crónico pela vida, pelo amor, pela dor, aquela vontade insensata de corrigir o mundo, de levantar guerra contra os opressores da liberdade. Tudo se foi. O equilíbrio está estabelecido na morte de ti. E tu choras. O espírito conduz-te através da noite, como se fosses um fantasma, tu avanças e entregas-te a um exército de formigas que te come diligentemente.
Não há nada que valha a pena ser escrito.

Quebro-me para me abrir e de mim sai um leão: o meu coração. O meu cadáver gira em volta do meu coração vivo e aqui, aqui, viveremos para sempre.

A fome de te ter por um dia, a soma inútil de todas as experiências. A fome de ser uma linha, a fome de te ser, de aniquilar toda a forma. A soma de uma esfera coesa na minha cabeça. A fome de acabar com a resolução demoníaca de ser alguém tão alguém.
Gostava de te fechar num quarto e esquecer para sempre a tua presença hostil. Gostava de te espancar e molhar-te com chuva fria. Gostava de não ser. É isso, gostava de me expandir e desaparecer. A morte é uma caixa negra e eu sou a caixa.

Suspiro. Acabaram-se as indicações. A-ca-baram-se as instruções especificas meu amigo, a velha Amerene fala por ti. Sofres sozinho, sofres menino? Olha a tua mãe, o que ela fez e não fez por ti, meu menino. A tua avó, a linda, a Gracinda conduz-te pela mão como um piano, e tu meu rapaz, quanto tempo levas a perceber. Não existe limite para as tuas acções, mas existem sempre __________ sempre, meu menino. Não existe nenhum limite para as tuas acções, mas existe sempre uma consequência. Considera os factos da tua vida como uma ocorrência espontânea – elimina-te – e observa o limite que te rodeou, como caíste, qual pedrinha certeira sem oposição no seu trajecto, actuando sozinha pelas forças que lhe foram impressas, observa como caíste tu no momento presente.

A velha sou eu
A velha sou eu
A velha sou a mãe que nunca tiveste.
A velha sou eu que te mostra a dor para não te tornares no filho da falsa mãe.

Essa serpente viperina, marca de toda a falsidade em ti encarnada.

Sabes como se matam serpentes, meu carinho, com um golpe certeiro na garganta.

Sabes como o fazer – diz-lhe somente que a amas, e ela morrerá de desgosto, pois só ela sabe como não te amou.

Minha filha, não ignores as questões da infância.

Podes mutilar um braço de actos heróicos, mas se o teu interior estiver perturbado, o resultado das tuas acções trará sempre fracasso, pois elas contêm em si as suas próprias contradições.

Não, tu ouves-me. Tu ouves-me.

Eu sou a velha,
A negra,
A preta,
A carcomida, ah… eu não faço por mal.
Mas eu rio-me da desgraça.
Até-ma-nhã – falam as baratas – e sorvem o teu poder e tu, sua estúpida, ignoras este triste vampirismo? Há, que… ai… a verdade.
Tão perto, tão longe.

Amerene.



Jesus Cristo, Jim Morrison, e Charles Manson sentam-se à mesa. Começam a falar mas falam ao mesmo tempo e a dizer o mesmo. A morte dança no varão e o diabo serve o café. Levantam-se para ir fazer uma chamada, Cristo ao Pai, Morrison ao Xamã, e Manson aos Beatles, rodam os números e parece-lhes como uma mulher ofegante no calor do sexo, logo se rendem e deixam cair os nomes. O café desaba.




Liber Adat

0 – a letra chamada caos.
D letra chamada esfera negra.
A letra chamada coruja.
D letra chamada da face da morte.

I – Concentra-te e aprende com estas runas.

II – Respira lentamente invocando esta força sobre ti.

III – Estas regras especificas foram definidas no período que se segue à morte do eu.

IV – constrói um templo negro e um altar.

V – No altar dispõe a runa sagrada da serpente que é um δ, as quatro armas dos elementos e uma pedra do sacrifício em meu nome.

VI – Regenera-te através dela como um lagarto até que conheças de perto as vicissitudes da morte e da vida e aguarda pelo momento da chegada do ocaso.

VII – Elabora um diário preciso dos teus sonhos e induz-te a segui-los como uma estrada ao precipício, onde voarás cantando e gerando com os mortos um oceano de alegria, onde mergulharás como um golfinho para guiar o barco da vida.

VIII – E então espera. Olha profundamente nos meus olhos, penetra na esfera cinzenta, e vê o silêncio-poeira-deserto-montanha. Deixa-te cobrir com o meu manto mudo e cruel. E prossegue cantando palavras doces para os reis, com a pena do falcão, com a voz do corvo, com a visão do mocho, penetra nos mistérios da língua oculta.

IX – Um peixe engoliu a chama da vida.

X – O olho do peixe transformou-se numa esfera negra que envolve o branco estelar.

XI – O néctar dos deuses foi-te retirado. O teu espírito crucificado na escuridão da matéria.

XII -  O livro foi apagado. Os dentes foram quebrados, a voz deixada esquecida na noite.

XIII – Que consigas abrir o coração do inferno, o olho do dragão e observar em silêncio na cabeça do pavão. Sim, ainda os muitos são ilusão e a fronte divina é vista pelos meus candidatos. Aqueles que entendem o vento voraz, contido, preso nestas runas magnificas copiadas das inscrições do templo amoroso da Fénix e da senhora do fogo eterno. Que a lótus se abra no ventre do peixe. Que os mil olhos de fogo brilhem na morte de ti como uma pista de dança de demónios que se curvam nas passadas delicadas da Entendedora dos Sons. Que o seu movimento penetre todas as esferas, leve na sombra límpida da ilusão. Que o teu mastro seja alçado às suas estrelas e se estabeleça nelas como a tua raiz. Que a voz da mais desejada seja feita do olhar quieto do teu espírito, e que pela sua graça a tua mente se torne menos e menos ruidosa, e que o céu da tua esfera se aproxime da terra do teu cérebro, e que o teu espírito presencie a misteriosa união. Que nada reste de ti então, príncipe do fogo secreto.

XIV – Que o equilíbrio seja a dinâmica do teu IR.

XV – Que a noite se extinga no teu universo e possas contemplar o sol oculto.

XVI – Que todas as mentiras se tornem impossíveis na chave mestra da Lei.

XVII – Que na ausência da dúvida tu perdures.
Que na ausência do porquê tu procures.
A pedra oculta é um estado dentro do ser.

XVIII – O 0 é o limite das formas.
O que é o 0?
Responde e terás visto que todo o infinito está contido no seu 0, e que o 0 é sempre o infinito, e o que está para além do 0 só pode ser visto por um cego. O cego é aquele sem ego. Se bem que o ego pode ser visto como a cabeça do pavão. Os mil olhos do gato, também chamados dos mil príncipes do desejo, são puros na sua essência, se os pudesses observar com deslumbre. A fogueira da paixão que impede a nitidez da tua observação é onde começa a tragédia da humanidade. Ela é o primeiro inimigo.

(não a paixão, mas a fogueira. Não todas as fogueiras, mas apenas aquela que alimenta a paixão. A paixão sem alimento torna-se Ágape. O fogo apagado é a casa da Fénix.)

XIX – Colocas então a questão, onde encontrar a água que se derrama na fogueira da ilusão. A água chamada desilusão só pode ser reunida mediante a experiência conduzida pelos guardiães das 7 esferas planetárias. Contudo, eles só podem operar na presença dos seus mestres. Eles são o seu correcto veículo.

XX – O conhecimento é apenas voz, é apenas possibilidade, sem o desafio das pedras.

XXI – mas sem o conhecimento…





ALCANÇANDO EXPERIÊNCIA DIRECTA D’AQUILO

Então o que queres fazer com o resto da tua vida? Comprimir o nosso grande planeta à essência da terra. De certa forma, esta atenção sem forma é gerada pela evolução física, há inúmeras formas da Mente Profunda comunicar connosco, aprenderás os três pontos de poder oculto no teu cérebro:

1 – O baixo astral é casa para os aliens de Lovecraft.
2 – Dentro do silêncio observa simplesmente, sem critica.
3 – Recomendo o método de sigilo de Austin Osman Spare.

Uma forma de fantasia é considerarmo-nos não-humanos, pela mesma boca palavras com o valor de 8, apesar do território astral ser aberto a todos os seres sencientes. Há uma linha que separa o desfrutar das trevas e a obsessão por elas.

Reunir as aguas com as tuas mãos em !!!CONCHA!!!, só precisas de um lápis e uma caneta, os auto-conhecidos não são necessariamente porreiros.

184 – E então, o que farás com o resto da tua vida? Bem começado é metade realizado.

É sábio prepararmo-nos para o nosso encontro com o Mistério, encorajamos este conceito! Alcançando experiência directa d’Aquilo. Conhecimento Desaprendido; A existência de tal capacidade implica a sua aplicação? Existem inúmeras metáforas na natureza sobre a individualidade, que são as mais confiáveis nos portais do Mistério, descobri que 184 dividido por 8 dá 23.

Quando eu era uma criança, sob o céu limpo da noite, conseguia sentir a presença, tão espessa quanto o toque, e assim prossegui para criar o meu próprio templo astral: as trevas chamam as trevas. Partilhamos o nosso Universo com maravilhosas variedades de vida. Todo o tipo de vida que não seja estelar é uma doença. Muitos de nós desenvolvem uma dupla vida, partilhamos informação com outras frequências, mas os nossos sinais são únicos, como um Copiador Cósmico que clona os eus, e todos participam da inteligência divina que produz e suporta os nossos corpos e as nossas mentes.

Por relimpses captei a natureza do Observador e os seus sub-eus: os eventos procedem para limpar o ar espiritual de distracções e eles aprendem que o diabo cuja funcionalidade é castigar o pecado usando-se da dor de todas as formas possíveis é só a nuca de Deus, a falsa face da dualidade, mas ignorar milagres seria tão estúpido quanto enganar qualquer informação, e as inteligências de uma maior sofisticação? O senso da separação é ilusório, a nossa própria crença nos nossos sentidos não deveria ser cega ou absoluta, a essência de Jesus e de N’Aton é solar, bela e carismática, eu digo “um pensamento maior” em vez de “uma forma de pensar mais alta”, a manifestação mágica é um pontapé no cu.















NOTAS SOCIOLÓGICAS: I – A FAMILIA               

- És um pássaro?
- Poderia!
- Como? Não nascendo destes pais? Tens a existência como garantida, mas esta é toda a existência, esta tua existência é a totalidade da existência.

Cada dia ensina-nos uma lição.
Hoje compreendi que o medo é proporcional à obsessão que mantemos com o nosso corpo físico.
Se ele é gordo ou magro nós ocupamos a nossa mente com preocupações que são o germe de medos, como o medo da violência ou o medo do abandono.
Cada um destes medos transforma as nossas virtudes em desculpas imbecis para os mais pérfidos males, como a indiferença e a irresponsabilidade.
O mundo está sujo com as nossas coisas erradas, com as nossas entranhas mal lavadas. A minha consciência está doente de estar desperta sem instrumentos de acção. Sem uma arma que te estoire os miolos.
A mente é preguiçosa, entediada e acomodada.
O corpo é fraco e envenenado com hábitos “sedentários”.
Quantos de nós investigam a fundo as causas do sofrimento?
E não estamos todos vivos?
Não seria obrigatório instruir cada uma das nossas crianças na procura de respostas a perguntas como estas?
Qual o valor da bomba atómica, ou do motor de explosão para uma massa incapaz de se treinar na arte de investigar as poucas questões que guardam o destino da nossa espécie no planeta?
Será que estamos todos preparados para a destruição, será o nosso código genético apenas uma passagem fossilizada para o esquecimento, senão para o estudo de uma outra espécie inteligente?
Que ambições merecem ser perseguidas?
Que causas merecem ser defendidas?
E Porquê?
O acaso, grande mestre arquitecto de toda a realidade, colocou-nos, à nossa geração de pequenos portugueses, como umas poucas células cancerígenas lançadas aos órgãos de percepção do nosso planeta pelo grande tumor chamado América. E nós cumprimos a nossa missão. Aliás o tumor foi gerado dos maus hábitos dos europeus (a culpa é nossa!) milhares de mentes doentes, pervertidas com a obsessão do extermínio da animalidade, a obsessão do horror do corpo e do pânico ao sexo. Tudo isto levou ao comércio de tudo o que antes era Sagrado. E o comércio, arte da cobiça, estendeu os seus tentáculos muito para além do seu domínio vital, e transformou-se num monstro destruidor. Ele esfolou os homens dos seus valores absurdos e tornou-nos caça, às pauladas na escuridão, caça à venda no mercado de trabalho. Chamem-lhe de impressionismo sociológico estas palavras, mas é a verdade, nua e crua, como uma bala embutida no teu cérebro. Obsequiados de toda a dignidade atrofiamos até que o código cancerígeno do entertainment americano penetrou as nossas células humilhadas e nós, Povo do Quinto Império, concedemos.
Mas nós já éramos meio cancro, oh se somos. Nós gostávamos de ver uma baleia morrer, nós gostamos excessivamente do sabor salgado do bacalhau em extinção, e a floresta.

A floresta que arda.

HÁ CARVÃO!

E os coelhos, e os pássaros que sobrevivem, abatam-nos por desporto! Abatam-me por desporto… por favor. Não quero ser vivo e ter de contemplar tudo isto com cara de sonso como se não fosse nada comigo, não… não… não…

Ah… E depois, fala-se muito da tourada, e dos problemas do ambiente, meus irmãos, há que procurar distinguir-nos de nuestros hermanos. Haha

Sacanas. Secam-nos os rios e tiram-nos o melhor peixe. Gente podre essa. A cara discute com o cérebro, e a cabeça odeia-se a si mesma. É assim mesmo. O progresso e a evolução necessitam de uma espécie de loucura assassina disfarçada de norma, convenção, bem, com uma pitadinha de crise para manter as coisas entusiasmantes.

Compra-se um cão e joga-se fora no verão, tem-se um filho como se compra um cão, e joga-se fora às instituições, que tratem bem dele, é para isso que vos pagam. Só há um nome para isso, abandono, senhoras mães. As mulheres competem pelos altos cargos dizendo com orgulho um enfático não à vida, quase como se tivessem vergonha de encerrarem no seu corpo o poder da criação. É a obsessão da nova era, o horror ao poder místico. Por outro lado até as compreendo, eu próprio hesitaria antes de apresentar este presente, o mundo, a um novo ser. E os maridos têm filhos como se os cagassem. Cheira mal, dizem, e só reparam que têm um filho quando os seus próprios pais morrem e eles percebem que um dia também eles vão ficar sós e abandonados numa casa. Aí tenta-se comprar o filho. Protegê-lo egoisticamente da vida lá fora, sugá-lo com dentes de vampiro. Ah, família! Unidade protegida do capitalismo, porque será? Cancro.

A natureza concedeu-lhe, à mulher, a sua semelhança, se fosse um direito ganho pelo dinheiro e a ambição então valeria a pena. Mas já estamos assim não é? Uma família numerosa é cada vez mais sinónimo de uma mulher vencedora. As crianças sem mãe, as crianças índigo.
Venham. Destruam o que resta da civilização.
Um mago, uma vez disse-me:
Sirius, a magia é um arcano contra a civilização.
Toma cuidado ao entrares no círculo de um mago.
Ao te aproximares o deus ao qual te prostraste pode
Virar-se como um cão para te matar.
Esta mensagem perdurou até aos dias de hoje no meu coração.
Não sou um mago, não pisei o círculo da iniciação.
Talvez o tenha imaginado.
Mas, como tu, sou daqueles que não acredita na cura para o cancro.

Adat




















































NOTA II – BREVE COMENTÁRIO SOBRE A ESCRAVATURA

  1. A anarquia baseia-se na simples metafísica de se erradicar limites. Falhamos no alvo sempre que o não reconhecemos, e sempre que o reconhecemos.
  2. Por vezes a maioria dos alvos estão camuflados ou mesmo que não estejam conseguem criar formas de criar barreiras supérfluas que retiram toda a individualidade ao indivíduo.
  3. A individualidade anarquista caracteriza-se não pela paralisia das faculdades mas pelo fluxo movimentado da maleabilidade evolutiva.

Hesito antes de iniciar esta nota. Penso que o leitor já produziu à partida, na simples passagem dos olhos pelo título deste capítulo, toda a informação que o seu cérebro vai processar durante a leitura do texto. A reacção é de instinto, ocorre antes da intenção sem que seja detectado por ela, e transforma qualquer fonte de informação num mero espelho, um espelho que reflecte de volta ideias feitas congeladas à volta de um pilar supostamente seguro do seu edifício ideológico erguido à grande senhora,

Passividade
Tal é o perigo, ou melhor, o desafio de palavras comerciais.

Há que parti-las aos bocados para podermos fazer a sopa correcta do seu verdadeiro sabor e significado.

E eu fiz o meu trabalho de casa.

Comecemos com uma definição da palavra Escra-Vatura:

Tentativa de subversão do principio fluido da natureza pelo principio fragmentado da razão.

Nesta lógica, a escravatura nunca conheceu melhor época que a actual.

Estes dois princípios que deviam encontrar o seu equilíbrio através do ser humano, nunca se encontraram mais desarmonizados nesta forma específica, chamada de escravatura. As relações entre as espécies humanas nos últimos séculos ilustram este princípio.

O que é um povo primitivo, uma tribo, etc.?

O seu sistema de vida contém fragmentos?

O que é a fragmentação da realidade?

Imagina, uma tribo onde toda a gente se conhece e aos animais que caça e come, e à floresta que fez as suas casa e os nutre com tudo o que precisam, e ao rio que gera vida, cura, alimento, etc., etc. e tal

A vida pode ser sentida como um continuum. A consciência não tem, nestas condições, de estar submetida a um stress permanente, causado pelo esforço de mobilizar uma parafernália imensa de símbolos e códigos para tentar tornar compreensível e justificável um universo de elementos que nós na verdade desconhecemos; as coisas que tens vestidas:

Donde vieram
Como foram feitas
De que são feitas
Por quem foram feitas
E a que custos?

Este é o inicio da fragmentação.

(um pequeno parênteses, no futuro este stress será aliviado pela extracção do cérebro dos humanos à nascença e sua substituição por chips que os limitem às funções especificas que eles devem realizar. Os motivos morais deste crime serão que os nervos destas criaturas estão permanentemente a reagir a estímulos eléctricos semelhantes aos que produzimos em estados de alegria, eles serão apresentados como os homens mais felizes do mundo, e todos os homens que nesta altura ainda não tiverem com um cabo enfiado na cabeça em torpor, desejarão sinceramente poder ser um ciborg, e farão filas de espera nas fábricas especializadas.)

O universo dos símbolos invadindo o do pragmatismo imediato.

Achamos ridículo a importância que as tribos dão ao uso de certos símbolos. Mas o nosso universo depende somente de símbolos que já não têm conexão nenhuma com a realidade, ou só a têm numa extensão muito limitada.

Notem. Quando dizem arvore, vocês não sabem nada acerca de qualquer árvore, nunca perderam um minuto para observar uma com atenção, não cresceram com nenhuma, não partilharam os vossos esforços e a vossa vida e os vossos frutos com nenhuma, a vossa experiência do objecto chamado arvore é uma colecção de impressões atmosféricas de um componente habitual e agradável das vossas paisagens de infância, sim porque agora já ninguém repara nelas. Qualquer informação teórica que possam ter somado sobre arvores ser-vos-á completamente inútil se algum dia se encontrarem num mundo onde elas sejam realmente significativas, como por exemplo na selva, ou, há quem diga, na morte. Na vida também são, mas isso é outra história. Tudo o que sabemos sobre arvores é um conjunto estranho de chavões técnicos, símbolos, fragmentos de um universo descontínuo, despersonalizado e destituído de qualquer semelhança com a realidade. Na verdade, estamos permanentemente num estado alterado de consciência derivado dos hábitos incríveis de manipulação da percepção com que fomos obrigados a ser coniventes. A realidade é para nós algo abominável, nem queremos ouvir falar disso. Se alguém nos ensina a corrigir a nossa miopia e a regressar a um estado de equilíbrio com a natureza, nós matamo-lo.

É a sério, não estou a brincar.

A complexidade e mentalidade do universo urbano tem por equivalente o seu habitante que para se adaptar a este caos e conseguir ver alguma ordem nele tem de se ausentar do mundo prático do aqui e agora e passar para o mundo da imaginação e do simbolismo abstracto.

Quando os antropólogos classificaram os primitivos de crentes em coisas absurdas, falharam apenas em classificarem-se a si mesmos numa ordem maior de iludidos.

Todos nós somos crentes em tantas coisas absurdas simplesmente para tornarmos moralmente suportável o acto de ligar a luz, de comer um frango, de repousarmos ao fim-de-semana.

Tenho um sorriso simpático para todos vós, crianças do progresso, um sorriso de desprezo.

Não venho aqui propor instruções para conviver com isto, ou soluções simples para disfarçar a percepção do consumidor urbano que tenha o mínimo sentido de raciocínio, acerca das consequências das suas acções se multiplicadas por milhões de milhões de seres humanos. Dizer-lhe que a catástrofe não iminente. Dizer-lhe para pensar positivo. Que há um caminho assim que ele acreditar. Dizer-lhe para comer vegetais e reciclar o lixo.

Digo-te apenas isto, se alguma vez contactarem com um homem da terra, menino urbano, apercebe-te do quanto morto realmente estás.

Não há cura para a morte. Quem vos vende disso, são charlatães, garanto-vos. Se algum orvalho da verdade caiu sobre eles, eles estão no seu intimo tão certos de isto como eu. Apenas não conseguem renunciar aos seus hábitos de vampiro. O único caminho é a vingança, em nome da terra.

O meu espírito alegra-se ao ver que me compreendes. Eu sei que há uma alma de guerreiro em ti, e que reconheces o poder da verdade por instinto.

Tu segues-me.

Adat





NOTA III – Fragmentação nas relações humanas


Queremos ter tudo, e tudo em cada coisa, não o todo, mas todas as partes, não conseguimos, assim, o todo, nem a parte, nem a parte no todo nem o todo na parte; não nos conseguimos a nós, e odiamo-nos por isso.

Hoje, ouviste, ou tiveste algum destes pensamentos?

Filho tem cuidado.

Os amigos vão e vêem.

Um dia acordei e pensei: quem é esta ao meu lado?

Homicídio nas bombas de gasolina, dois brasileiros…

O que é que o meu patrão quer de mim?

Será que sou suficientemente bom?

Sou um falhado

NÃO!

EU SOU UM
VENCEDOR!

Morte. Morte. Morte. Morte.

Por Favor!

Eu sou um conjunto medíocre de experiências com sabor a tédio, pornografia, esgoto e decepção…

Liberdade – Dinheiro – Amor

Deus

Ciência

Nós amamos-te e somos perfeitos…

…mas nós queremos o teu dinheiro.

A família: fosso.
Os amigos: perda de tempo.
O amor: dor.
A vida: esgoto.
Cada uma destas coisas.
Os estranhos: pavor
Os estrangeiros: ridículos
Os ricos: temor
Os pobres: nojo

ODEIO
ODEIO
ODEIO
ODEIO-TE.
ODEIO TUDO ISTO.

O interior: baratas nojentas e demónios sibilantes.
O exterior: morre lentamente.
Cega os olhos.
Foge, foge criança.
Mata, esfola. Ele mata, ele esfola.
Tem cuidado e morre.
Não me perguntes porquê, e por amor de Deus não chores que eu mato-te já aqui. O que fazer da minha vida. Estou farto desta mulher, odeio o raio dos meus pais, tenho vergonha dos meus filhos, quero-me ver longe disto tudo, e nada. Não consigo, sou a merda dum falhado.

Isto meus amigos é uma voz típica na mente de um homem adulto perto de vós.

Tomem as devidas precauções, ou

Abatam-nos.

Que não sobreviva ninguém impune dos seus crimes.

Cabrões!!!

Adormecendo na cama do hospital, os nossos mortos, de morte natural, morrem, confusos como nasceram, sós… esquecidos…

Sem ninguém que chore por eles como eles choraram quando vieram por aqueles que os tiveram.

AHAHAHAHAAAH, eu quero morrer num hospital só para saber se é realmente degradante.

Eu quero ser velho em Portugal só para saber se eles realmente pagam pelo inferno que nos causaram.

Ardam, Ardam todos, seus fascistas filhos de uma puta, seus cabrões debochados,  pedófilos de merda, Ardam, Ardam AA

Libertem-me por favor, eu sou só uma criança.

Adeus.

Vou esquecer tudo isto.

Vou fumar um cigarro.

Que merda.

A mente humana deixa-me deveras deprimido.

Adat






A vida é muito incerta.
E se te acontecer alguma coisa?
E eu nem vou saber? Só saberei o que tu me contares e imagino que o que não contas seja o mais preocupante.
A vida é sempre incerta, e é certo que amemos, que nos preocupemos, mas…

O álcool esmiúça-me as feridas, o irrequietismo da ansiedade, querer tudo por uma só gota e essa gota nos levar a dar tudo pela gota seguinte, até os músculos, entorpecidos, se entregam, o coração desmaia, e os pensamentos giram em volta do teu tremor confusamente, sem gravidade própria na gravitação.

O álcool muda de nome, e o alcoólatra, a substância é a mesma. Não fiques desiludido ou desapontado, mas chora, sente pena e compaixão.

Este caminho equilibra? É tudo o que há a perguntar, isso e: é este equilíbrio vivo, pleno, intenso? Esta é a voz da verdade, estar afastado dela é estar afastado do olhar do Criador.




Phalucifer

Tu estás aconselhado a publicar este livro segundo o nome de phalucifer e a tirares o teu proveito dele.

Mais, essa é a tua missão e não conseguirás dormir enquanto não o fizeres, segundo a lei.

Segundo – tu deverás escrever 4 livros e deverás seguir os passos do campeão do labirinto de Minos.

O mundo é uma esfera cinzenta, foca-te nos meus olhos, e vê…

Penetra bem fundo na espiral negra.

Diz comigo: Lashtal, Lashtal, Lashtal.

Pressente o desejo da morte.

Não sejas mais servo do corpo.

Levanta-te.

Levanta-te e conquista. Isso é suficiente.

Não discutas, não convertas. Tu tornaste-te temido como o Minotauro.

Tu partiste os espelhos do cubo.

Quebraste os ossos do muro.

Tu encontraste a mente além do bem e do mal e estás condenado a seres visto como um louco pelos demais. A tristeza arrancará o fogo do teu coração aos pedaços, o sangue frio no teu fígado impedirá o envelhecimento, e embora sintas a morte sempre por perto, sussurrando-te segredos trágicos ao ouvido, ela estará sempre longe de ti homem, pois foi dito que aquele que vive muito e deseja intensamente a morte, será sempre o Rei entre os reis. Tu ansiarás pela morte, a morte está proibida para ti. Mantendo-te pela trela através dos seus mistérios.

Tu criaste um sonho dentro de mim.

Não me desiludas.

A

O fim deste livro é o seu início. Criámos o mundo a partir do caos, eu e o meu filho, edificámos a ordem na espiral e em 7 ventos enamorámo-nos da borboleta e permitimo-nos à meta-morfose.

moveu a roda do destino.



B

O criador gerou a esfera do sonho e limitou o grito da serpente com o número 4, formando o fogo cujo nome é a lei do amor. O fruto foi-te apresentado e tu comeste.

Tu estás condenado a destruir tudo o que tens.

G

O camelo e a serpente levaram-te pela mão, senhor do templo, pela porta oculta do sofrimento, e geraram em ti uma criança de seis frutos. A razão, a volúpia, o sonho, a falsidade, a verdade e o muro. A razão é o círculo, a volúpia o triângulo, o sonho é a lua, a falsidade o sol, a verdade é a noite e o muro é a cidade. O deserto prolonga-se no meu sorriso e conheceste o homem de negro e a pintura da mascara nos seus olhos negros. Viste a sombra da morte, contorceste-te sem medo contra os comboios da vida e da morte.

O amor é o único e grande iniciador.

D

O templo arranja-se da seguinte forma: nove esferas para o limitar e nelas arderam todas as falsas esperanças, todos os teus medos e ilusões. No fim destas esferas não te lançarás na corrida, mas não hesitarás se o vento te lançar da ravina. És a criança chuchando no dedo como na árvore da vida. No interior do círculo estão 22 runas do nome de deus, e ao centro ergue um altar ao Tempo. Fuma todas as drogas em honra deste altar, experimenta todos os êxtases, conhece o limite de todas as sensações.

Só te libertas de um vício quando entendes a necessidade por detrás dele. Quando o fizeres ele foi mais valioso para ti do que mil anos a tentar evitá-lo, sofrendo.

O alfabeto assim disposto renovará o sangue índio em ti, meu filho, tu és um dos escolhidos. Respeita toda a vida em ti e que te acompanha no teu destino e sobrevive à extinção pela fé no espírito do vento. Ele disse ao seu escriba:

Eu sou poderoso para proteger os meus servos.


Babalith

Ela pendura os homens ao contrario e seca as suas carnes, veste-se de lingerie preta e botas de cabedal, tem uma pele albina e parece gigante, os seus cabelos prendem o fulgor das estrelas, quando reflectem, negros como a noite, a prata da noite.
Ela é o amor mais amorável, o amor que é carne, vivo, como o… como Phalucifer a fumar por sobre um lago de ardor a gasolina.
As portas de vidro, na sombra, reflectem sempre a sua imagem.
Os homens entram nos cafés com portas de vidro, e bebem petróleo em fogo, olham as suas chávenas de fundo negro, e esquecem-se das suas próprias vozes que são também as vozes dos outros.
Na sua vila existe, no largo da câmara, um phalo branco, as meninas encostam-se ali, depois de subirem sete degraus negros, e gemem cantando. Os rapazes fazem um círculo à sua volta, e dançam.
Ao canto do largo, existe um beco com uma porta de madeira apodrecida, que constantemente liberta homens e mulheres dos quais sobressai o estranho sorriso no rosto, parecem não ter fim as suas filas.
O Sol e a Lua, estão sempre eclipsados, formando uma crescente e uma elipse.
Percebo que tenho um relógio de prata, um relógio de mão, com as horas em espiral, a andar para a frente, para a frente e reversamente… percebo que esta é a razão pela qual me é permitido ver o mundo que se esconde atrás do mundo.
Façam juras perante mim, eu sou os 7.




Palavra do profeta

Quando virá a destruição?

A destruição virá com a IV guerra, que já começou. O sangue derramado será vingado pelo impulso regenerador da terra. Não esperarás muito até que os céus se abram com a chuva de aquário, que é também chamada de o lamento dos peixes, mas dentro do peixe morto, um outro aguarda a vida. A entrada de aquário no primeiro grau da primavera conhecerá um mundo rejuvenescido, por isso meu filho prepara-te para o pior.

De que forma devo preparar-me pai?

Sorvendo toda a literatura que atraia sobre ti o olhar dos deuses. Escolhe temas que façam de ti necessário num mundo sem luz. Permite que o chacal te guie. E não é suficiente leres. Os escolhidos são feitos de entre os corajosos que se treinarem nas artes necessárias à sobrevivência e à preservação da tradição sagrada dos antigos.

Que esses sejam 3 em 1, que esses sejam 3 em 1. O número 4 é o primeiro dos números sagrados para os profanos, porque toda a caminhada de sucesso começa com uma compreensão das nossas limitações. O quinto símbolo sagrado dos homens é o 1, mas para o atingir o homem deve primeiro provar a sua força contra o 7, e então conhecerá o último dos números sagrados que é o 8. Sempre que ele falhar na compreensão deste mistério ele será empurrado para o 9, e o mundo regenerará com ele.

Quando o segredo for atingido não haverá limites para a vida num homem. Ele é como água, ele é como um falcão, ele é!

Ele dá-se.

As runas são símbolos inúteis

Sem o sangue na tua face.

O sangue é prática constante,

O sangue é atenção constante,

O sangue é espírito vigilante,

O sangue é amor transbordante,

O sangue é tensão solitária de emancipar a realidade do sonho,

O sangue é o veneno da verdade ingerido com coragem

O sangue são murros com intenção nas conchas que te envolvem e te sufocam as asas da percepção.

O sangue é a experiência do sagrado no profano.

O sangue é o olhar puro, sem julgamento, ávido de beleza.

O sangue é o esvaziar do grito fúnebre do sofrimento.

Sangra, sangra, homem, sangra como eu sangrei nestas linhas, torna-te um de nós.

Ergue-te como um filho do vento.

E vós mulheres, para quem este livro foi realmente  escrito, tornai-vos amantes indisciplinadas dos segredos das árvores e das planícies.

Erguei-vos e abraçai o sol, sem medo da vulgaridade, erguei-vos e emergi na lua, sem medo da loucura. Abraçai as sete estrelas da cauda do dragão, e não tenhais mais medo da dor. Mais que tudo desejai a morte, erguei-vos todos filhos de Phalucifer.

Erguei-vos e sorri à luz do amanhecer.




Eles ensinam-te a criar desde pequeno, os brinquedos com que fazes os teus teatros, as folhas e os lápis de cor com que pintas os teus quadros, a plasticina e o barro com que realizas as tuas esculturas. Então bloqueiam todo o teu canal criativo, para forçar o caudal na direcção que pretendem. A minha esfera é a cura.

…LASHTAL…

Eis a história real da esfera:
Esta é a tua história.

Morte: o tema central à vida. A tua amante e tu. Isto é a morte. “Procura a vida eterna”, disse-te ela e tu partiste com ela no peito, e encontraste a vida eterna na imagem de uma árvore, de um remédio, e de um buraco negro – uma estrela decomposta.

A Rainha da Terra: É a tua amante, sem ela não existe nação, nem as velas flutuam no templo, nem os homens morrem.

A procura: É a tua estrela no espaço, o tempo em que flutuas como uma vela no templo e meditas, perto da árvore que cresce sobre o túmulo das amadas e que é a árvore da vida. O destino é a estrela decomposta, depois, é ser-se jardim e da carne crescerem as flores.

O Mestre do Templo mata o Jardineiro para se tornar Jardim.

Apedrejada pela luz, ela perscrutou os rostos dos homens. Trémulos, cessaram o diálogo e prostraram-se por terra.
“O nosso amor é uma arvore” bramiu.
Os homens, de olhos húmidos e queimados por dentro, dobraram-se ainda mais, e das suas cabeças cresceram raízes.
Ela dançou, com os seus pés nus quase a tocar a terra, toda sentindo o seu corpo, e dos pés dos homens nasceram ramos. Tudo ficou mais quieto, moviam-se o vento e os flocos de neve em espirais de luz, no seio do jardim, ela enrolou-se sobre si mesma para dormir. Mas quando ela fechou os olhos para descansar, saiu, da essência de uma árvore de pele dourada, um homem repleto de luz, um homem recortado no negro do espaço estrelado em que o jardim se fazia mover. Viu-a dormir, os seus pés nus na neve, e amou-a, vigiou por ela.
Encostou os lábios à nuca dela e os pelos ali se levantaram, e dos pelos erguidos à brisa da palavra sussurrada “amo-te” cresceu a fauna. Mas o homem viu que os animais morriam, e batalhou contra a morte, porque se não restassem, também esse momento de amor cessaria, sem prova ou testemunha.
Qual seu espanto, ao longo das eras, os animais transformaram-se em homens como os primeiros, e cortaram as arvores que eram os primeiros homens e o homem que a amava permaneceu vivo mesmo sem arvore, porque o amor. E os homens construíram prisões com a madeira e disseram ao guardião “odeio-te” e o guardião chorou, e limpando as lágrimas de seda, as suas mãos pegaram fogo e todo ele uma chama escondeu-se numa gruta profunda. Aproximando-se do centro eles tocaram no corpo nu da mulher, e dos seus pénis saíram rios de vida envenenada.
Capturaram o guardião que estava escondido no centro da terra e amarraram-no, a arder, a um mastro contra as estrelas, para que se protegessem do cosmo e do destino e do desconhecido.
E violaram-na e dançaram e bateram uns nos outros e começaram a violar-se uns aos outros e mataram os animais. Ai, ela abriu os olhos.

Mas ela abrindo os olhos, os ouvidos dos homens tornaram-se cálices que sangravam e o espírito seco do guardião soltou-se do corpo como antes se escapara da árvore, e na forma de um morcego bebeu as cabeças. Ela disse “eu amo-te, e alimentar-te-ei para que vivas para sempre”, dançaram por sobre as cabeças, de pés descalços a pisar as uvas do vinho da luxúria, dançaram por sobre as ruínas dos homens e os seus passos soltavam flores e ventos secretos.

A lenda conta que um dia a senhora libertará o guardião da estaca e que nesse dia bailarão até ao espaço e nesse dia, o Cosmo, que foi afastado, engolirá os homens por completo. 

Vejo o Sol a pôr-se sobre a Arvore, a reflectir-se na água que rodeia a árvore, e vejo as mulheres todas iguais a ela, a beber da água porque não atrevem a seiva branca.
Vejo a tua face recortada na minha carne, mãe.
Este livro tem de acabar, tem de chegar ao início. Não há outra forma de maravilhar as pessoas com o acto da morte das estrelas fez carne dos homens, viva. Este é o espelho oculto. A única forma de liberdade é substituir o conhecimento pela vida. A única forma é… voltares ao passado, e, munido de conhecimento, escolheres bem, e apagares assim o conhecimento, que proveio só do erro e da dor.
Vivemos com ter pena, e maravilhamo-nos na contemplação do que poderia ter sido bom, já não nos ocupamos em estraga-lo, ocupamo-nos em salva-lo porque já ardeu.
Não sei o fim.
Nem sei o início.
Juras que eu o farei,
Que o fim e o inicio,
Se completam em mim.
Mas eu amo-te, e sinto
Que tudo se perde em ti.
É impossível dizeres-me que a tua morte é a totalidade das coisas, ou ouvir-te dizeres, porque a minha morte por ti é o fluxo das coisas.

Raios parta!
Quero um fim a isto!
Transportas-me pelo tempo. Olha, eu estou no espaço porque morri e viajo à espera de nascer no sítio do nosso amor, porque ele é um reino. Quero dizer: morreste, e eu pinto os anos como anéis de fogo em sinal de casamento, no dia em que o teu cadáver me cuspir de dentro de si, eu já não saberei onde estou e quanto tempo passou.

Ensina-me a desfrutar de ti mesmo agora, agora que partiste, agora que tudo é um adeus constante, um adeus que não vai. Ajuda-me a perceber o que o amor é capaz de fazer.

Acho que o amor é o início e o fim e o meio. Mas não sei como acabar.

Talvez com o meu próprio sangue derramado sobre as folhas.
Não… este livro é sobre o teu sangue, nada dele é meu e tudo meu é dele.
Fazes-me mal e és tudo o que alguma vez foi bom.
Não, é a tua ausência, sim, é a tua ausência que me faz mal. Como é que este mal acaba? Começou com a tua ausência. Acabará com a ausência da tua ausência. E esta começou com o início da tua presença, mas como é que começou a tua presença? Não consigo recordar-me e sangro dos ouvidos. 
Penso… vazio… e sangue que borbulha nos ouvidos, e penso, e não chego a qualquer conclusão, medito entre o milhão de estrelas e escuto as vozes, amam-se por todo o universo. Como eu e tu, mas ainda não foi aqui que começou…

Toda a vida que não é estelar é um vírus.
Não! Não!
Eu nunca te perdi.
Perdi-te.
Vem?
Vir? Vir de onde?
Onde é que ela está, afinal?
Raios! Onde começaste? Terás sequer existido? Como é que te espalhas sobre tudo como uma nébula à volta de uma estrela que morre?

Ardes sem estrela
Ardes sem estrela
Ardes sem estrela
Ardes sem estrela

Desculpa se pensaste…
Se a solidão te consumiu…
Ardes sem estrela
E por isso és a estrela e a terra alimenta-se de ti.

Não! Faço força contra a corrente de imagens e palavras, porque quero saber onde tu começaste, e não onde tudo acaba! Ah! Começas onde eu acabo! Começas como eu acabo! E de que forma é que eu sei que és tu? Muita coisa pode vir do meu fim, mas, acabarmos um no outro é a única forma de vivermos a vida eterna juntos, de evitar o inferno da vida eterna na separação, porque toda a vida é eterna e toda a vida é um tormento, excepto uma, que é aquela em que nos encontramos juntos. Sem adeus, só com amor no lugar de cada adeus. Adeus.

Tudo acaba na fonte que começa, é esse o destino de tudo, a fonte virgem que começa as coisas. Terror! Tu começaste com o teu fim… Não sei sair daqui… perdoa-me.

Eu não sou mais o primeiro pai, eu sou o ultimo homem.. aqui sem ti, contigo reduzida a esta merda.

A minha forma esculpida na árvore é como a tua forma de mulher crucificada. O teu olhar e os teus pelos ahah! Os teus pelos, ninguém notaria neles mas eu amei-os. Os pelos da tua nuca no meu sopro, a levantarem-se.

Ahahahahah.
Ocultas-te, em vestes de morte, e canto-te que já te apanhei!
…O som mudo…
Como é possível, acabar a vida, cessar a consciência sem um adeus, só com vida no lugar de um adeus?
Tenho de permitir que te tornes vida, mesmo que tenhas morrido, e só ai me poderei dissolver.  
Eu vejo agora que todos vivemos na espera deste momento, da paz de espírito para poder morrer.
Não temer, no último momento, não temer.

Como um vampiro inadaptado à morte furo as ondas do tempo na esperança de te reencontrar.

É da tua garganta que se fala sob os tectos, da garganta da minha amada, das trevas que cobriram o seu coração, e fala-se dela com perguntas nos olhos, se deveremos rasga-la. Tu que tiras tudo, demos-te tudo, devolve-nos os sabores. Deveremos beber-te como quem bebe o ultimo veneno.

O que será de mim?
O que será de mim?
O que será de mim?
O que será de mim?
Estou sozinho, e afinal, afinal, tu nunca estiveste cá.
Eu quero aprender, participar nos bailes de mascaras também, e escutar a voz que me fala de noite e perder-me nos espelhos que me eclipsam de dia.
Querias acabar com isto?
Pois eu digo-te! Não acaba nunca, e se acabar, não está ao teu alcance compreender, compreende só que és infinitamente pequeno.

O trono está vazio para sempre. Bem-vindo à sala de teatro. Ela… rasguem-na, violem-na, ela… desfigurem-na até que não seja mais que papa. Dá-me carne e liberta-me deste amor que se alojou em mim como uma doença entre mim e o mundo, como uma luva que não me deixa tocar o mundo. Dá-me carne, onde antes estava o amor, e não amor onde havia vida e carne. Nenhuma coisa se repetirá para ti, mas tu repetes-te nelas, como se não sonhasses que os momentos passados são espectadores cegos. Não se muda o passado, não se muda o presente, não se muda o futuro, porque não se muda a mudança.

Vou juntar-me ao jogo, fingir-me maior que o mundo, fingir-me maior até que a morte.

Afinal, é disto que consiste ser-se humano, fingir-se maior. O mal que restou na caixa de Pandora. A esperança.



É assim que este livro termina.
…Com o sono…